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Por aqui, criamos sempre refletindo sobre o que desejamos transmitir para o mundo. Cada detalhe é construído com muito cuidado para que possamos passar mensagens fortes, responsáveis e relevantes. Nada é vão! Por isso, todas nossas peças carregam nomes de mulheres à frente do seu tempo, que em vida, demonstraram a sua potência. Mas quem foram elas? O que representam na nossa história? Te convidamos a conhecer um pouco mais sobre elas e seus legados!

 

Ada Rogato
Filha de imigrantes italianos, nascida em 1910, Ada Rogato foi a primeira pessoa no Brasil a ter licença de paraquedista e a pilotar um planador (aeronave sem motor que se mantém voando graças às correntes de ar). Ada gostava de aventuras, saltar de paraquedas e fazer acrobacias aéreas estavam entre suas maiores paixões. Em 1951, ela recebeu a missão de sobrevoar as três Américas num pequeno avião para representar o Brasil. Foram seis meses e 51.064 quilômetros pilotados sozinha. A Rainha dos Céus, como era chamada, ganhou medalhas no Brasil e em países como Chile, Bolívia e Colômbia. Também foi a primeira pessoa a sobrevoar a floresta Amazônica, sem comunicação.

Antonieta de Barros
Antonieta de Barros foi uma importante jornalista, professora e política brasileira, nascida em 11 de julho de 1901, na cidade de Florianópolis, Santa Catarina, que teve que romper muitas barreiras para conquistar espaços que, em seu tempo, eram negados às mulheres - e ainda mais para uma mulher preta. Se alfabetizou aos 5 anos e com 17 anos, ingressou na escola dando início ao sonho de educadora e, antes mesmo de concluir o magistério, já mantinha um curso primário de alfabetização, que tinha o seu nome: “Curso Particular Antonieta de Barros”. Antonieta participava ativamente do cenário cultural do seu estado e fundou em 1922 o jornal “A Semana” onde, através de suas crônicas, veiculava suas ideias em relação à educação. Na década de 30, trocava correspondências com a Federação Brasileira pelo Progresso Feminino e sua fundadora, Bertha Lutz (da nossa jardineira Bertha) E também entrou na política, sendo a primeira mulher negra eleita Deputada Estadual no país. Como parlamentar, tinha como bandeira o poder revolucionário da educação e dedicou-se fortemente a isso. Antonieta instituiu o dia 15 de Outubro como o Dia do Professor, no seu Estado, que após 20 anos, virou lei federal sancionada pelo então presidente da época João Goulart. Com o pseudônimo de Maria da Ilha, escreveu em 1937, Farrapos de Ideias. Antonieta lutou pelo nosso poder de expressão, pelos pobres e pela educação, rompendo barreiras e conquistando grandes marcos, deixando seu nome gravado na nossa história.

Aracy de Carvalho
Aracy de Carvalho nascida em 1908, trabalhava no departamento de vistos do Consulado Brasileiro em Hamburgo, na Alemanha. De família germânica e falando várias línguas, ela foi de navio do Brasil para lá em 1934, recém separada, levando também o seu filho de 5 anos. Na época a guerra ainda não havia começado, mas Hitler já comandava o país. Quando a perseguição dos nazistas aos judeus aumentou, chocada com a situação, Aracy decidiu fazer algo rapidamente. Desobedecendo as ordens do Consulado, começou a falsificar documentos, pois o Brasil não queria aceitar Judeus, por estar mais próximo da Alemanha. Ela mudava endereços, e não incluía a letra “J” em vermelho que indicava a origem judaica das pessoas. Ara chegou até mesmo a levar famílias ao embarque nos navios para garantir o máximo de segurança. Não tinha medo de nada, nem de ninguém, apenas pensava em salvar o maior número de pessoas. Chamada de “Anjo de Hamburgo”, Aracy é a única mulher citada no Museu do Holocausto, em Israel, entre os 18 diplomatas que salvaram judeus da morte. Ela fez florescer a vida de muitos Judeus e Judias que vieram morar no nosso país.

Astrud Gilberto
Astrud Gilberto foi uma cantora brasileira, nascida em Salvador, em 1940. Filha de mãe brasileira e pai alemão, mudou-se para o Rio de Janeiro com a família aos 7 anos. Essa menina tímida com voz delicada e suave ficou conhecida internacionalmente como uma das principais representantes da bossa nova, e ganhou destaque logo na primeira música que gravou, ao interpretar, em inglês, a icônica "Garota de Ipanema / Girl From Ipanema, segunda obra mais gravada de todos os tempos no mundo, ao lado do então marido, João Gilberto.Astrud desafiou os padrões tradicionais da época ao se tornar uma mãe solteira e cantora de sucesso que viajava pelo mundo exercendo seu trabalho com um filho pequeno nos braços. Seu jeito de ser encantou o público, popularizando a bossa nova no exterior e consagrando-a como uma embaixadora da MPB, ao levar o ritmo e a cultura do país para o mundo.
 Sua contribuição para a música brasileira é inegável, deixando um legado duradouro que continua a inspirar artistas até hoje. Astrud merece ser conhecida e reconhecida.

 

Bárbara Pereira de Alencar
Bárbara Pereira de Alencar ou “Dona Bárbara do Crato” como era chamada pelos seus contemporâneos, nasceu em 11 de fevereiro de 1760 na Cidade de Exu, na Capitania de Pernambuco e foi a primeira revolucionária no Brasil. Participou ativamente de dois movimentos de maior importância na história das lutas de libertação no país: a Revolução Pernambucana de 1817 e a Confederação do Equador de 1824, movimentos separatistas e republicanos que questionaram o Brasil monárquico. Integrante de uma família conhecida, a matriarca é mãe dos revolucionários José Martiniano, também uma das lideranças da Revolução de 1817 e pai do escritor cearense José de Alencar, e do famoso Tristão Gonçalves de Alencar, que comandou a Confederação do Equador, no Ceará. Bárbara foi uma mulher notável em sua época, defensora da liberdade, da república e da causa abolicionista. Reconhecida como “Inimiga do Rei”, foi inspirada por ideias iluministas e lutou contra a ordem política colonial e imperial, liderando resistências que contestavam o poder centralizado no Rio de Janeiro, o autoritarismo da constituição outorgada em 1824 e a exploração financeira das províncias, desempenhando um papel fundamental para conectar as lutas entre as regiões de Pernambuco e Ceará. Passou três anos encarcerada em calabouços do Recife, Fortaleza e Salvador e por isso, foi considerada uma das primeiras presas políticas da história brasileira. Uma mulher nordestina, comerciante e pioneira ao entrar em campos e assuntos que normalmente eram de exclusividade dos homens, se tornando um símbolo nacional como uma das heroínas da pátria, pela sua luta por ideais de liberdade e igualdade. 

 

Bertha Maria Júlia Lutz
Pioneira no movimento feminista, Bertha Maria Júlia Lutz foi uma bióloga brasileira nascida em 1894. Se formou na França, onde a luta pela igualdade de gênero já era forte e, ao voltar para o Brasil, ela trouxe também a vontade de mudar o cenário da época. Trabalhava no Museu Nacional, mas não conseguia mais ignorar a luta de gênero. Participou da criação de diversas ligas de mulheres que buscavam inclusão social, fundou a Federação Brasileira pelo Progresso Feminino (FBPF), liderou o grupo de pressão a favor do poder de voto da mulher, representou diversas vezes o Brasil em encontros mundiais para tratar do direito das mulheres e chegou a ser premiada com o título Mulher das América. Lutou pelos nossos direitos, sem nunca abandonar sua pesquisa.

 

Bidu Sayão
A cantora lírica Bidu Sayão, apenas com a voz, arrepiava plateias inteiras no mundo todo. Nascida no Rio de Janeiro no começo do século XX, de pai português e mãe franco-suíça, o Rouxinol do Brasil se tornou uma das maiores estrelas da ópera em todos os tempos. Antes dos 10 anos de idade, Balduína de Oliveira Sayão já sabia que queria viver nos palcos. Primeiro, quis ser atriz. Depois tentou tocar piano e violino, como suas amigas, mas ouvia de todos os professores: “você não tem habilidade para a música”. Por outro lado, tinha o apoio do seu tio, um músico amador. Demoraram alguns anos para Bidu descobrir que sua voz podia até ser pequena como ela, mas era potente. Na trajetória, ainda teve que escutar dos críticos que era melhor procurar um marido e ter filhos, porque, afinal, boa moça não vivia em palco. Quando diziam que não conseguiria, Bidu achava forças para estudar mais, ter mais paciência e encontrar um jeito só seu de cantar ópera. Com apenas 17 anos, foi à Europa: a menina queria conquistar outras terras. E conseguiu. Os palcos dos principais teatros do mundo se abriram para a sua voz. A cantora foi até homenageada pela escola de samba Beija-Flor de Nilópolis, em 1995. Em retribuição, Bidu decidiu também cuidar das pessoas do mundo. Eram tempos difíceis em que as guerras destruíam a Europa, então, quando não estava cantando para o seu público, entre eles reis e rainhas, ela gostava de cantar para os soldados nos hospitais.

 

Carmen Velasco Portinho
Carmen Velasco Portinho, nasceu em 1903, na cidade de Corumbá, no Mato Grosso do Sul e foi uma importante engenheira e urbanista para o nosso país.
No início da década de 1920, uma época na qual as mulheres sequer podiam trabalhar sem a autorização do marido, Carmen ingressava no curso de engenharia na Escola Politécnica da Universidade do Brasil, se tornando a terceira mulher a se graduar nesta área no país, sendo a primeira a ganhar o título de urbanista. Antes de despontar na profissão, ficou conhecida como uma líder sufragista fundamental para a conquista do voto feminino, lutando ao lado de Bertha Lutz (da nossa Jardineira), sendo uma das co-fundadoras da Federação Brasileira pelo Progresso Feminino. Em 1930, criou a União Universitária Feminina, onde apoiava mulheres nas carreiras que escolhessem, estimulando o desenvolvimento técnico e intelectual, pois sabia que de nada adiantava a emancipação política sem a emancipação financeira. Em 1936, ingressou na Universidade do Distrito Federal no curso de pós-graduação em urbanismo. Em 1937, fundou a Associação Brasileira de Engenheiras e Arquitetas (ABEA), para incentivar mulheres formadas a ingressar no mercado de trabalho. Com seu companheiro de trabalho e vida Affonso Reidy, marca a história da arquitetura moderna no país, sendo responsável por diversos projetos juntos, entre eles os clássicos conjuntos habitacionais do Pedregulho (vale dar um Google!), na cidade do Rio e o Museu de Arte Moderna do Rio. A afinidade entre o casal, manifestada através dessas grandes obras, se dava igualmente na preocupação com as questões sociais. Uma mulher de personalidade irreverente e audaciosa, que deixou um legado profissional e social por meio de um ativismo que atingia genuinamente diversas esferas da sociedade.
 

Carolina Maria de Jesus
Carolina Maria de Jesus, nascida no dia 14 de março de 1914, em uma comunidade rural de Sacramento, em Minas Gerais, foi uma das primeiras escritoras negras do Brasil e é considerada uma das mais relevantes para a literatura nacional. Viveu grande parte da sua vida em São Paulo onde catava papel para se sustentar. A luz dos seus dias vinha através das leituras no barraco e das anotações cotidianas registradas nos cadernos que encontrava pelo material que recolhia nas ruas. Um destes diários deu origem ao seu primeiro livro, Quarto de Despejo - Diário de uma Favelada, publicado em 1960. A obra foi um grande sucesso literário que a projetou internacionalmente e foi vendida em 40 países e traduzida para 16 idiomas.

Três anos após a publicação e o sucesso do primeiro livro, Carolina publicou o romance Pedaços de Fome e o livro Provérbios. Outras seis obras suas foram publicadas após sua morte em fevereiro de 1977. Ela também era cantora e poetisa e neste ano, no dia 25 de fevereiro, a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) concedeu a Carolina Maria de Jesus o título de Doutora Honoris Causa, reconhecimento oferecido a pessoas com contribuições decisivas para a arte, a ciência e a cultura brasileira.
 

Cora Coralina
Com os doces ganhava dinheiro; com a poesia, o sentido da vida. Essa era Cora Coralina, do interior de Goiás, que nasceu em 1889. Na verdade, se chamava Anna. O nome Cora ela inventou nessas de escrever. Significava o coração vermelho que pulsa. Escrevia desde os 14 anos, mas só aos 75 teve o seu primeiro livro publicado. De 14 publicações, apenas três delas foram em vida. Cora cursou só quatro anos na escola, então lia muito. Com 91 anos, recebeu uma crônica de presente de Carlos Drummond de Andrade. O poeta dizia que ela era um diamante goiano cintilando na solidão, a mais importante pessoa de seu estado, mais que todos os homens influentes. Recebeu também o título Doutor Honoris Causa, em 1983, da Universidade Federal de Goiás. Gostava de falar do cotidiano: dos goles de café, da casa, do gado, do milho, da chuva. A história de Cora mostra que da simplicidade podem nascer coisas incríveis.

 

Dinalva Oliveira Teixeira
Baiana como nós, Dina nasceu em Castro Alves no ano de 1945. Se formou em Geologia e participava do movimento estudantil: lia livros, protestava e lutava pelo fim da ditadura. Como era recém formada, decidiu ir para o Rio de Janeiro trabalhar, mas sua estadia foi bem curta pois acreditava que a verdadeira luta contra a ditadura tinha que acontecer no interior do país. Em 1970 ela embarcou para o Araguaia, chegando lá trabalhou como Professora e parteira de quem morava na região. Foi a única mulher a ocupar um cargo de vice-comandante na Guerrilha. Entendia tudo de estratégia, pontaria e liderança. Os militares diziam que ela sabia se esconder no mato como uma borboleta. Grávida, ela participou de um confronto no dia de Natal em 1973, última vez que foi vista. Meses depois, fugida na mata, foi presa e maltratada até sua morte em 1974.

 

Dorina Nowill
Dorina Nowill foi uma educadora, filantropa e ativista brasileira cega, nascida no dia 28 de maio de 1919, em São Paulo, que criou a Fundação Dorina Nowill, entidade sem fins lucrativos que promove o acesso de cegos à educação. Aos 17 anos, perdeu a sua visão, vítima de uma doença não diagnosticada. Inteligente, curiosa e sedenta por conhecimento, a futura educadora foi a primeira estudante cega a frequentar o chamado Curso Regular, na Escola Caetano de Campos, em São Paulo, em 1943. Encarando a ausência de profissionais capacitados e de livros em braille como uma oportunidade de crescimento e superação, durante o seu período escolar, Dorina decidiu mobilizar-se para diminuir as dificuldades que pessoas com cegueira e baixa visão enfrentavam para estudar e, consequentemente, inserirem-se no mercado de trabalho. Para tanto, em 1946, criou a Fundação para o Livro do Cego no Brasil, para atender a demanda de livros em braille no país. O projeto começou suas atividades com a produção e distribuição de livros físicos em braille para a população brasileira. De lá para cá, a organização sem fins lucrativos foi responsável pela produção de mais de seis mil livros adaptados, 2700 audiolivros e 900 títulos digitais. Cada vez mais envolvida em políticas públicas e seguindo sempre sua intuição para enfrentar a falta de recursos e informações, Dorina, neste mesmo ano, se especializou em educação de cegos no Teacher's College da Universidade de Columbia, em Nova York e em 1948, a Fundação para o Livro do Cego no Brasil recebeu da Kellog’s Foundation e da American Foundation for Overseas Blind uma imprensa braille completa, com maquinários, papel e outros materiais. Atuou na Secretaria de Estado da Educação de São Paulo, onde foi responsável pela criação do Departamento de Educação Especial para Cegos e trabalhou em Brasília, no comando do primeiro órgão nacional de educação de deficientes visuais, criado pelo Ministério da Educação brasileiro. Sua determinação, inteligência e perseverança fizeram com que se tornasse uma referência internacional na luta pela ampliação dos direitos das pessoas com deficiência visual no país, uma mulher à frente do seu tempo que enxergava o mundo com os olhos da alma e que nunca permitiu que nada impedisse sua visão. 

 

Edith Mendes da Gama e Abreu
Edith Mendes da Gama e Abreu nasceu em Feira de Santana, aqui na Bahia, em 1903, e foi a primeira mulher a ingressar na Academia de Letras da Bahia, como também uma das pioneiras do feminismo no estado e no Brasil.

Edith era uma mulher que primava incansavelmente pelo aperfeiçoamento da educação e também uma dedicada representante das mulheres de sua época. Como feminista trabalhou intensamente em prol da emancipação da mulher e pelo sufrágio feminino na Bahia, atuando ao lado de Bertha Lutz (da nossa Jardineira Bertha) pelos diretos das mulheres no país, sendo eleita presidente vitalícia da Federação Bahiana pelo Progresso Feminino. A intensa e produtiva atuação de Edith nos âmbitos literário e político a levaram a Academia de Letras da Bahia, em 1938, onde se tornou a primeira mulher a assumir uma das cadeiras da instituição, antes só formada por homens. Edith também foi inspetora de Educação do Ensino Secundário, fundadora da Faculdade de Filosofia da Bahia, membro do Conselho de Educação e Cultura e presidente do Instituto Geográfico e Histórico da Bahia. Ela dedicou sua vida à educação, deixando um forte e importante legado nessa área, assim como foi responsável por grandes conquistas para o feminismo no nosso estado e no país. Em homenagem a essa importante mulher, aqui em Salvador, uma das ruas do bairro do Itaigara, recebeu o nome de Edith Mendes da Gama e Abreu!
 

Elisa Frota Pessoa
Nascida em 1921, uma época em consideravam que a maior conquista da mulher era o casamento, Elisa Frota Pessoa mostrou para o mundo que a realidade era outra. Se interessou pela ciência na escola, mas ao entregar seus exercícios para o professor, a resposta que ouviu foi “Afinal, quem gosta de matemática na sua casa: seu pai ou seu irmão?”. Mas isso não a desencorajou, com ajuda de outros docentes do colégio ela ganhou o incentivo necessário para seguir seus sonhos. Mas, ao chegar na faculdade surgiu a pergunta “onde estavam suas colegas?”. Ela foi a segunda mulher a se formar em física no Brasil. Se tornou assistente de física experimental, e um tempo depois seguiu a carreira de professora. Participou de pesquisas na área de Física Nuclear e foi uma pioneira no ramo, abrindo o caminho para outras mulheres.

 

Eufrásia Teixeira Leite
Eufrásia, nascida em 1850, era de família rica que comandava um povoado no interior do Rio de Janeiro. Como sabia ler e escrever em várias línguas e tinha dinheiro suficiente para pagar suas contas, casar, sem ser por amor, nunca foi uma opção para ela. Com 22 anos seus pais morreram e ela decidiu viver com sua irmã̃ em Paris. Na capital francesa ela acordava cedo para cuidar dos seus negócios. Escrevia mais de 40 cartas por dia. Ela sabia muito bem comprar e vender produtos na hora certa, negociava na bolsa de valores, e se tornou dona de partes de empresas em 10 países, em quatro continentes. Até no Egito, Romênia, e na Rússia. Desta forma, multiplicou sua fortuna por muitas vezes e se tornou a mulher mais rica do Brasil.  De volta ao nosso país, na sua morte, deixou toda sua fortuna para os pobres. Ela não é pura inspiração?

Elza Soares
Nascida em 1937, no Rio de Janeiro, foi uma cantora brasileira icônica, conhecida por sua voz poderosa, presença de palco marcante e por sua contribuição para a música brasileira, assim como para a luta pelos direitos das mulheres e contra o racismo. Elza Soares foi uma das primeiras artistas negras a alcançar sucesso e reconhecimento no Brasil. Enfrentou diversos desafios ao longo de sua carreira, incluindo o preconceito racial e a distinção de gênero e classe. No entanto, sua autoridade e talento a levaram a se tornar uma das vozes mais influentes e respeitadas do país. Além de seu impacto na música, Elza Soares também foi uma defensora dos direitos das mulheres, mantendo sempre uma postura desafiadora e resiliente. Abordou temas como violência doméstica, empoderamento feminino e igualdade de gênero em suas letras e discursos, usando sua plataforma para dar voz a essas questões. Elza é uma verdadeira lenda, cujo legado e história continua a inspirar e impactar gerações de mulheres.

Gal Costa
Gal Costa, nascida em 1945 em Salvador, foi uma das mais importantes cantoras brasileiras, ícone da Tropicália e da MPB, cuja carreira atravessou várias décadas. Começou a se destacar nos anos 1960 ao lado de artistas como Caetano Veloso e Gilberto Gil. Sua voz marcante e sua capacidade de experimentar com diferentes gêneros musicais fizeram dela uma figura central na música brasileira. Além de sua imensa contribuição artística, Gal Costa teve um papel significativo no feminismo no Brasil. Desafiou padrões de comportamento feminino através de sua postura e liberdade artística, promovendo uma imagem de mulher independente que não tinha medo de explorar sua sensualidade e força. Suas músicas e sua presença pública inspiraram muitas mulheres a reivindicar sua liberdade de expressão e a desafiar as normas sociais, contribuindo para o fortalecimento do movimento feminista no país. Gal é lembrada não apenas como uma das grandes vozes do Brasil, mas também como uma figura ímpar que ajudou a redefinir o papel das mulheres na sociedade brasileira.

 

Graziela Maciel Barroso

Graziela Maciel Barroso, conhecida como “A Primeira Dama da Botânica”, nasceu em Corumbá, no Mato Grosso do Sul, em 1912. Referência na área de sistemática de plantas, um ramo da botânica dedicado a descobrir, descrever e interpretar diversos tipos de vegetais, Graziela foi considerada também a maior taxonomista de plantas do país, sendo responsável, ainda, pela catalogação de vegetais das diferentes regiões do Brasil. Começou a aprender botânica com seu marido, em casa, enquanto cuidava dos filhos, tanto que somente aos 30 anos, já morando no Rio de Janeiro, decidiu prestar concurso para o Jardim Botânico, conquistando o segundo lugar, das vagas 5 disputadas, sendo ela a única mulher a concorrer. Ingressou no curso de biologia da Universidade do Estado da Guanabara aos 47 anos e defendeu tese de doutorado aos 60. A cientista também escreveu dois livros adotados como referência por cursos de botânica. Além disso, existem cerca de 25 plantas batizadas com seu nome e é responsável pela formação de gerações de biólogos. Como professora, Graziela atuou até o fim de sua vida, dando aulas nas Universidades Federais do Rio de Janeiro e de Pernambuco, na Universidade Estadual de Campinas e na Universidade de Brasília. Também foi a única brasileira a receber, nos Estados Unidos, a medalha Millenium Botany Award, entregue a botânicos dedicados à formação de pessoal na área.  Ela morreu em 2003, um mês antes de ser empossada na Academia Brasileira de Ciências. Dona Grazi, como era carinhosamente chamada, é a nossa rainha brasileira das flores.
 

Leila Diniz
Liberdade era só o que a Leila Diniz queria. Atriz brasileira que nasceu em 1945, gostava de fazer o que queria tanto que saiu de casa ainda nova para viver sozinha. Para se sustentar contava histórias em uma escola, ela adorava crianças e estava ali mesmo era para fazer uma grande farra com os pequenos. Não demorou muito e ela já estava nos palcos como dançarina, depois como atriz, quando ganhou fama e ficou conhecida no país e virou até símbolo: a musa revolucionária dos costumes. Gostava de rir bem alto e de casa cheia. Quando engravidou decidiu que a barriga precisava tomar sol. Vestiu o biquíni e foi para a praia de Ipanema. Foi um escândalo! Naquela época as pessoas achavam que o barrigão precisava ficar escondido. Mas Leila não estava nem aí para essas bobagens. Sua preocupação era em defender a liberdade, defendeu tanto que foi proibida de falar do assunto. Mas só se arrependeu do que deixou de fazer. Leila era uma mulher livre.

 

Lina Bo Bardi
Achillina Bo, conhecida como Lina Bo Bardi, nasceu em Roma, na Itália, em 1914 e foi uma das arquitetas ítalo-brasileira mais emblemáticas do século XX. Com estilo simples, destacou-se como grande pensadora e por unir o moderno ao popular. Estudou arquitetura na sua cidade natal, mas é em Milão que sua carreira começa a decolar. Devido ao cenário difícil da II Guerra Mundial, Lina decide mudar o curso da sua vida e em 1946, casa-se com o jornalista Pietro Bardi e juntos, partem ao Brasil à convite de Assis Chateaubriand, para a criação do MASP, Museu de Arte de São Paulo, um dos seus mais marcantes trabalhos. Rompendo com a rigidez e buscando democratizar os espaços, a arquiteta fica conhecida por seu pensamento humanista e libertário. Em 1959, recebe um convite especial e chega às terras soteropolitanas. A artista, agora, diretora do MAM, Museu de Arte Moderna da Bahia, no Solar do Unhão, torna-se responsável pela revitalização do espaço, contribuindo para o renascimento das artes na Bahia. Em 1964, projetou também a Casa do Chame Chame, e após o golpe militar, se une a Lelé e outros arquitetos, criando o projeto da Casa do Benin, em 1987. Na Fundação Gregório de Mattos, ela estampa seu trabalho nas janelas e na arena do teatro. Outro notável grande trabalho por aqui, foi o conjunto arquitetônico de 5 casarões na Ladeira da Misericórdia e Casa Coaty, hoje. Lina Bo Bardi foi arquiteta, editora, curadora, designer, cenógrafa e tantas outras coisas. Uma mulher que tinha compromisso com o ser humano, com a poesia e com o apuro técnico, que encontrou no Brasil a esperança e aqui deixou marcas importantes que encantam e inspiram.

 

Luiza Helena de Bairros
Luiza Helena de Bairros, nasceu no dia 27 de março de 1953, em Porto Alegre e foi um dos grandes nomes na luta contra o racismo e o sexismo do Brasil. Em 1975, formou-se em Administração pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Especializou-se em Planejamento Regional pela Universidade Federal do Ceará, fez mestrado em Ciências Sociais pela Universidade Federal da Bahia e concluiu o doutorado em Sociologia pela Michigan State University em 1997. Ainda em agosto de 79 mudou-se para Salvador e iniciou sua caminhada no Grupo de Mulheres do Movimento Negro Unificado (MNU), Luiza também atuou na Secretaria do Trabalho e Ação Social do Estado da Bahia, integrando a equipe de pesquisa do Sistema Nacional de Emprego da Superintendência Baiana para o Trabalho (Sine-BA/Setre), desenvolvendo pesquisas importantíssimas para o conhecimento das relações raciais e de gênero, além do combate ao racismo no Brasil e nas Américas, criando, por exemplo, o primeiro banco de informações nacional dedicado a entender os problemas sociais que os negros enfrentam no país. Entre 2001 e 2003, atuou no programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), na preparação e acompanhamento da histórica III Conferência Mundial Contra o Racismo. Uma de suas grandes conquistas foi a participação ativa na elaboração do Estatuto da Igualdade Racial, em 2009, o primeiro grande marco de direitos para a população negra brasileira. Também a ela devemos a implementação do Sistema Nacional de Promoção da Igualdade Racial (Sinapir), visionário na sua concepção e de extrema importância para uma mudança real na sociedade. Em 2011 foi ministra-chefe da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial do Brasil, no governo de Dilma Rousseff.

Dona de uma trajetória respeitável, Luiza é reconhecida como uma das principais lideranças do movimento negro no país, sempre trabalhando em prol de novos caminhos para as mulheres negras.


 

Lygia Clark
Lygia Clark, nascida em 1920, em Minas Gerais, foi uma importante artista plástica contemporânea brasileira. Inicialmente associada ao movimento construtivista, desenvolveu sua própria linguagem artística, explorando temas como a sensorialidade, o corpo e a interação do espectador. Acreditava que o artista não precisava fornecer respostas definitivas; para ela, uma obra de arte só se completava com a participação do observador, como se ela tivesse o potencial para ser tudo, mas ainda não o fosse. Por isso, defendia a arte relacional, que compreende que quem vê também é autor. Começou seus estudos no Rio de Janeiro e posteriormente mudou-se para Paris, onde estreou sua primeira exposição individual em 1952. Viveu parte de sua vida na França e parte no Rio, tornando-se uma das representantes do neoconcretismo. Gostava de desafiar as convenções, explorando diversos meios artísticos, como pintura, escultura e performance,  experimentando diferentes materiais, formas de criação e apreciação. Lygia ousou pintar também as molduras, demonstrando que a arte não precisa ser contida; ela escapa por todos os lados. Costumava dizer que dentro de sua barriga morava um pássaro e dentro de seu peito, um leão, ambos em movimento constante no corpo das pessoas, que estão sempre criando coisas novas em um mundo em constante transformação. Essas mudanças eram o que a interessava. Além de suas contribuições para a arte contemporânea, Lygia teve um papel significativo no contexto do feminismo no Brasil. Sua abordagem da arte como uma experiência corporal e sensorial questionava as normas de gênero e o papel da mulher na sociedade. Sua obra e sua vida foram inspirações para muitas artistas feministas, destacando-se como uma voz importante na luta pela igualdade de gênero e pelo reconhecimento das mulheres na arte e na sociedade como um todo.

Maria Felipa
Maria Felipa, sem data de nascimento definida, foi uma importante mulher baiana, nascida na Ilha de Itaparica, que atuou na luta pela libertação do Brasil da dominação portuguesa, durante as batalhas pela Independência da Bahia. Liderando um grupo de mulheres e homens de diferentes classes e etnias, a Heroína Negra da Independência, como é conhecida, organizou o envio de mantimentos para o Recôncavo, e também vigias nas praias para prevenir o desembarque de tropas inimigas.
Mas Felipa ganhou fama mesmo ao liderar um grupo de 40 outras corajosas mulheres contra os soldados portugueses, usando como armas apenas facões, pedaços de paus e galhos de cansanção (planta que da sensação de queimadura ao toque com a pele). Essas mulheres chegaram a queimar dezenas de barcos portugueses, após seduzir os soldados inimigos nas praias e surra-los com o cansanção. Esta ação foi decisiva para uma tranquila vitória sobre os europeus em Salvador, sob os aplausos do povo baiano, no dia 2 de julho de 1823. Mesmo após a independência da Bahia, Felipa continuou a exercer uma forte liderança sobre a população pobre da Ilha de Itaparica e está presente na memória coletiva da região até hoje, com os registros de seus feitos e de sua personalidade preservados por historiadores, pesquisadores e escritores. Com a sua história pouco conhecida e lembrada, Maria Felipa ganhou notoriedade quando foi declarada Heroína da Pátria Brasileira pela Lei Federal n° 13.697, no dia 26 de julho de 2018, se tornando um forte símbolo do feminino baiano e brasileiro de resistência e coragem que nos inspira.
 

Maria Firmina dos Reis
Maria Firmina dos Reis nasceu no dia 11 de março de 1822, em São Luís, no Maranhão e foi considerada a primeira escritora romancista, pioneira na crítica antiescravista e abolicionista da literatura brasileira. Firmina também foi a primeira mulher a ser aprovada em um concurso público no Maranhão para o cargo de professora do primário, em 1847. Com o próprio salário, sustentava-se sozinha em uma época em que isso era incomum e até mal visto para as mulheres. Oito anos antes da Lei Áurea, ao se aposentar, criou a primeira escola gratuita mista do país, que causou tamanha repercussão na época, que foi obrigada a suspender as atividades depois de dois anos e meio. Maria foi presença constante na imprensa local com diversas publicações. Em 1959, com a publicação da sua primeira obra “Úrsula”, que teve circulação somente a partir do ano seguinte pelo jornal “A Moderação”, Firmina abordou o problema do tráfico negreiro e do regime como um todo a partir do ponto de vista do sujeito escravizado e transformado em "mercadoria humana". A escritora traz para a nascente ficção brasileira, a África como espaço de civilização e de liberdade e, bem antes do "Navio negreiro" de Castro Alves, denunciou os maus tratos a que eram submetidos os escravizados nos "tumbeiros", verdadeiros túmulos para muitos que não resistiam. Nos anos seguintes, a autora lança Gupeva (1861), o livro de poesias Cantos à beira-mar (1871) e o conto A escrava (1887). Além da literatura, Maria Firmina teve participação relevante como cidadã e intelectual ao longo dos noventa e dois anos de uma vida dedicada a ler, escrever, pesquisar e ensinar. O fato é que ainda pouco se sabe sobre os detalhes de sua vida e outros possíveis textos e criações. Mas é inquestionável o quão grandiosa e pioneira foi nossa querida Firmina para a história brasileira.


 

Maria Lenk
Maria Lenk foi uma nadadora brasileira de destaque, nascida em 1915, em São Paulo. Ao longo de sua carreira, que se estendeu por décadas, Maria estabeleceu diversos recordes nacionais e sul-americanos, tornando-se uma referência no esporte. Aprendeu a nadar nas águas do Rio Tietê, em plena cidade de São Paulo e descobriu que a água era onde se sentia bem. Aos 17 anos, venceu sua primeira Travessia de São Paulo, repetindo o feito por quatro anos consecutivos. Sua habilidade chamou a atenção dos organizadores das Olimpíadas de Los Angeles em 1932. Usando um maiô emprestado e com o dinheiro da venda de sacas de café, Maria tornou-se a primeira sul-americana a participar de uma Olimpíada. Viajou com 82 homens por 30 dias em um navio para chegar aos jogos. Em 1936, repetiu o feito na Alemanha e ainda inventou o estilo borboleta, uma variação do nado peito. Três anos depois, enquanto se preparava para as Olimpíadas de 1940, Maria quebrou dois recordes, sendo a única brasileira a fazê-lo. Ao longo da vida, bateu mais de quarenta recordes e competiu até os 90 anos. Mesmo em idade avançada, nadava 1.500 metros na piscina e, às vezes, até no mar. Sua determinação e talento abriram portas para outras mulheres atletas, inspirando uma geração inteira a perseguir seus sonhos no esporte, destacando-se como um exemplo de determinação, coragem e superação.

Maria Rita Soares
Nascida em Aracaju, em 1904, Maria Rita Soares, graduou-se em Direito pela Universidade Federal da Bahia em 1926, sendo a única mulher da sua turma e uma das primeiras a concluir a graduação do curso no estado da Bahia. Voltou para Sergipe e após um período advogando e lecionando em seu estado natal, arrumou as malas e se mudou para o Rio de Janeiro. Na época ela já era amiga de Bertha Lutz (da nossa Jardineira Bertha), passando também a defender os direitos das mulheres. Participou do movimento feminista, chegando a ser consultora da Federação Brasileira pelo Progresso Feminino. Ela acreditava que todos tinham direito de defesa. Juntamente com outras advogadas, fundou um escritório de advocacia que atuou em casos relacionados a pessoas perseguidas durante a Segunda Guerra Mundial. Além disso, Maria Rita foi a primeira mulher membro do Conselho da Ordem dos Advogados do Brasil e, posteriormente, nomeada a primeira juíza federal do país. Sem dúvidas, uma mulher que desafiou o seu tempo e que abriu caminhos para outras mulheres. Obrigada, Maria Rita!

 

 

Nise da Silveira
Nise da Silveira nasceu em 1905, em Maceió e  foi uma personalidade ímpar na história das ciências, das artes e da cultura brasileira do século XX. Seu trabalho no campo da psiquiatria abriu novas perspectivas para a pesquisa científica da psique humana e para o tratamento das doenças mentais. Depois de concluir o curso secundário, se mudou para Salvador onde frequentou a Faculdade de Medicina da Bahia. Lá, se tornou a  única mulher da classe a se formar em medicina em um ambiente com 157 homens. Nise, também foi uma das primeiras mulheres a se tornar médica formada no país. Pioneira no processo libertário da Reforma Psiquiátrica no Brasil, criou a Seção de Terapêutica Ocupacional no Centro Psiquiátrico Pedro II, no Rio de Janeiro. Nos ateliês os pacientes poderiam desenvolver trabalhos manuais e atividades artísticas como música, pintura, modelagem e teatro. Com meios precários, cercada de incompreensões e preconceitos, fundou no hospital o Museu de Imagens do Inconsciente, com o acervo produzido pelos frequentadores dos ateliês, um patrimônio científico e cultural reconhecido mundialmente. O acervo, hoje com mais de 350 mil obras e documentos históricos, é tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). Em 2016, ela ganhou um filme que retrata parte de sua luta “Nise: O Coração da Loucura” (que já aproveitamos para deixar a indicação). Uma mulher de uma sensibilidade admirável, que com força e personalidade, enfrentou o preconceito, a resistência e o machismo, ganhando notoriedade internacional e melhorando a vida de muita gente. Por essas e outras, sua história merece ser conhecida e homenageada por nós. 

Patrícia Rehder Galvão

Patrícia Rehder Galvão ou Pagu, como era conhecida, foi uma importante figura do cenário cultural e político brasileiro do século XX. Nascida em 1910, em São João da Boa Vista, São Paulo, foi uma escritora, jornalista, poeta, tradutora e ilustradora. Uma das pioneiras do movimento feminista no Brasil, lutou pela igualdade de direitos e pela liberdade das mulheres e atuou ativamente na luta contra a ditadura do Estado Novo de Getúlio Vargas. Além de sua atuação política, Pagu também deixou um legado literário significativo. Escreveu romances, contos e poesias que abordaram temas como a opressão das mulheres, a desigualdade social e a luta por liberdade e justiça. Sua obra mais conhecida é o romance "Parque Industrial", publicado em 1933, que retrata a vida das operárias nas fábricas de São Paulo. Ela foi uma mulher à frente de seu tempo, uma figura marcante na história do feminismo brasileiro, que desafiou os padrões sociais e lutou por uma sociedade mais justa e igualitária. 
 

Rosalda Paim
Rosalda Paim, nascida em Vila Velha, no Espírito Santo, em agosto de 1928, se formou em enfermagem na Universidade Federal Fluminense, Rio de Janeiro. A filha de Lindaura e Velariano foi a primeira enfermeira parlamentar do nosso país, trabalhando durante 4 anos em um projeto político sobre a vida, saúde e sociedade, no qual incluía a enfermagem como ciência, arte e profissão. Rosalda era uma mulher dedicada à família, humana, sensível, espirituosa e generosa que sempre se mostrou firme em suas convicções e posições. Além de enfermeira, pedagoga, professora, deputada e pesquisadora, ela foi sobretudo uma das mulheres visionárias, defensora da saúde pública e dos cuidados de enfermagem. Criou mais de 20 projetos de leis voltados para a área social e de saúde, dentre os quais destacam-se os seguintes: que proíbe a coleta remunerada de sangue; a criação do sistema estadual de creche; a criação do serviço de saúde do adolescente; da obrigatoriedade de instalação de conselhos comunitários em unidades estaduais de saúde, educação e serviço social.

Ruth de Souza
Nascida em 1921 no Rio de Janeiro, Ruth foi a primeira atriz negra na história a se apresentar no Theatro Municipal do Rio. Entrou no Teatro Experimental do Negro e aprendeu a fazer arte. Com 27 anos, ganhou uma bolsa de estudos nos Estados Unidos. Retornou ao Brasil e foi a vez da estreia no cinema, por indicação de Jorge Amado. Ela também foi a primeira brasileira a ser indicada a um prêmio internacional, como melhor atriz, no Festival de Veneza, em 1954. Primeira dama negra das artes no país, enfrentou desafios ao longo de sua carreira e quebrou barreiras raciais, tornando-se uma das figuras mais respeitadas na cultura brasileira. Sua trajetória abriu portas para gerações de artistas negros e consolidou seu legado como uma das grandes intérpretes do país.

 

Tarsila do Amaral
Tarsila do Amaral foi uma grande pintora brasileira, que hoje tem a obra mais valiosa do país: Abaporu. Foi após sua separação que resolveu mudar-se para Paris, onde aprendeu sobre a pintura cubista. Em 1922 recebeu uma carta que falava sobre os movimentos de arte no Brasil, assim como a semana de arte moderna. O retorno para o seu país foi certeiro! Se uniu a outros artistas em busca da criação de uma arte tipicamente brasileira, um grande “basta” para as cópias da Europa. Foi uma mulher livre, e por isso muitas vezes foi criticada, mas ela não se importava. Se tornou uma artista que fez e faz história!
 

Zilda Arns

Zilda Arns, ou melhor Tipsi, como gostava de ser chamada pelos irmãos, tinha um sonho: queria fazer com que toda criança pudesse crescer saudável e feliz. Para isso, se tornou médica, em 1953. Na Alemanha, de onde era sua família, muitas mulheres já seguiam essa carreira na época. Formou-se em pediatra e especialista em saúde pública. Quando estava estudando vivia incomodada com o fato de tanta criança morrer por doenças que têm cura, e foi aí que ela decidiu colocar o seu sonho de infância em prática. Primeiro, cuidou da vacinação de combate à poliomielite. Depois, passou a ensinar ao Brasil que havia uma poção – nem um pouco mágica – capaz de salvar vidas: o soro caseiro. Indicada ao Prêmio Nobel da Paz, ela foi a criadora da Pastoral da Criança, em 1983, programa de ação social que se expandiu por mais de 20 países. Recebeu diversas menções especiais e títulos de cidadã honorária. Durona e incansável, Dona Zilda já foi eleita a 17ª maior brasileira de todos os tempos. Ela não tinha medo de político nem de homem que não aceitava opinião de mulher e tinha uma certeza: de que fazer o bem era o mais importante.

Zuzu Angel
Zuleika Angel Jones foi uma estilista brasileira conhecida internacionalmente e uma figura importante na luta pelos direitos humanos durante a ditadura militar no Brasil. Nascida em 1921 em Minas Gerais, ficou conhecida por sua coragem em denunciar as arbitrariedades e crueldades do regime após o desaparecimento e morte de seu filho, Stuart Angel, o "Tuti", em 1971, ainda sob custódia do Estado. Suas criações eram especiais e cheias de criatividade, combinando elementos como renda e chita, e estampas de animais com frutas, refletindo a diversidade brasileira. Suas roupas coloridas logo ganharam sucesso não só no Brasil, mas também nos Estados Unidos. Zuzu utilizou sua influência no mundo da moda para falar sobre as violações de direitos humanos no país, exibindo em um desfile- protesto em Nova York, vestidos bordados com pássaros presos em gaiolas, tanques de guerra, quepes e aviões. Cada peça demonstrava um pedacinho de sua dor e da violência que assolava o país, o que atraiu a atenção de muitas pessoas. Apesar da tristeza pela perda de Tuti, Zuzu persistiu em suas denúncias da ditadura, contribuindo para a transformação da realidade.